sábado, 24 de outubro de 2020

Marco - O Aborígine e o Fato

E lá vai o Aborígine tranquilo numa manhã de sábado, quando tropeça em mais uma pedra Nietzschiana no caminho. Filosofando com o Martelo joga tantas pedras pra se dar topadas e provocar reflexão, que meu dedão do pé já está calejado. Em quinto na lista de Os Quatro Grandes Erros (por mais irônico que pareça), tropeço em "Explicação psicológica para o fato", e como não poderia ser diferente, mais um parágrafo denso do bigodudo que provoca uma dobra no meu espaço-tempo. Escrito a mais de 132 anos, Nietzsche lança um tiro certeiro que desvenda muito sobre a confusão entre fato e opinião que vivemos hoje. Nosso cérebro, como uma máquina primorosa de buscar padrões que é, entra em estado de alerta ao perigo quando se depara com fato novo, desconhecido. Pra nos livrarmos dessa sensação, preferimos qualquer explicação, mesmo que absurda e inviável. Demanda um esforço gigantesco não se render ao prazer da resposta conveniente,
mesmo que não corresponda ao fato diante de nós. A explicação dolorosa para o fato desconhecido é muito mais difícil de ser aceita e, por mais contraditório que isso pareça, mantêm o Aborígine vivo mas não necessariamente num caminho de melhora.
Leve na Mala - Empatia pelas explicações desagradáveis.